quarta-feira, 27 de maio de 2015

Contadores que atuam em escritórios de pequeno e médio porte devem evoluir além das ferramentas tecnológicas.

Meu nome é Raphael Silvestre, tenho 28 anos e atuo na área de contabilidade desde 2006 em assessorias e consultorias.

Sinceramente no “mundo” (escritórios de contabilidade de pequeno e médio porte e faculdade) que vivi, vejo que não há um desenvolvimento da profissão. Desde o início sempre se limitavam a me ensinar o “débito e crédito”, apuração de impostos, a calcular folha de pagamento, etc. Mas ninguém nunca chegou a mim e disse “o que você faz tem impacto nisso, naquilo, porque é assim”. Dar uma visão ampla dos meus atos, pensar no desenvolvimento profissional, além disso, buscar o crescimento do negócio do cliente. Vejo futuros contadores muito focados na questão técnica, costumes rotineiros passados por antigos contadores “guarda livros” para as novas gerações... e com um tempo eles irão passar para os próximos, formando um circulo vicioso. O que torna isso mais concreto é a questão na universidade. Porque hoje estudo em uma faculdade privada. Sinceramente, deveria mudar todo o sistema de ensino superior, nos formam para seguir regras e não inovar. A maioria dos estudantes recebem as informações e não questionam (claro que isso ocorre também, devido a grande falha educacional no Brasil, e acredito que elas deveriam se esforçar para tampar o buraco que o ensino público deixa). Inúmeras universidades deveriam rever seus conceitos e começar a criar questionadores, empreendedores... inovadores. Do que adianta existir tantas ferramentas ao nosso favor, se não existe a inquietação, questionamento, inovação, etc. Situações assim que cercam a nossa profissão e acabam limitando a todos nós.

Eu mesmo fico muito triste, principalmente quando vejo uma publicação na mídia nos limitando (muitas delas são feitas por profissionais da área). Esses dias atrás li uma publicação que dizia algo sobre o contador ser herói por causa do fim da declaração de imposto de renda.

Somos mais que uma obrigação acessória, mais que um débito e crédito e mais que enviar impostos para pagamento. Podemos administrar empresas, aumentar desempenhos dos nossos clientes, executar várias funções, empreender, desenvolver, criar, etc. Justamente por isso me pergunto, por que não melhorar essa profissão e mostrar o quanto podemos agregar para o Brasil? Podemos ser “peças chaves” para melhorar o nosso país... só depende de nós.

Obrigado a todos.

4 comentários:

  1. Raphael, estou, mais uma vez, de pleno acordo com você e acredito, sinceramente, que este está sendo o único caminho para o contador que quiser se manter no mercado de trabalho. Como você bem descreveu, as pessoas, por alguma razão, tendem a se acomodar, principalmente nas suas competências técnicas, afinal de contas, está "dando certo" ... mas, para que essa mudança ocorra, é necessário que os profissionais comecem a se preocupar, e cada vez mais, com seus aspectos comportamentais.

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  2. Enquanto tivermos que dedicar 99% do nosso tempo a calcular impostos e preparar declarações acessórias dificilmente esse cenário irar mudar.

    Fora o desprezo dos empresários médios pela contabilidade. O que importa a eles é " quanto vou pagar de imposto no fim do mês".

    Mas não vamos desanimar. A luta é dura mas a vitória só depende de nós.

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  3. Ao ler seu artigo fico feliz, em ver seus questionamentos em seus próprios atos de procurar por algo mais do que aprendeu ou viu. Avante coloque esses questionamentos a todos, cobre mais pratica no âmbito acadêmico. Devemos e temos a obrigação de incentivar pensadores e inovadores, como digo em sala de aula, estou preparando executivos e não executadores... parabéns

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  4. Concordo na maior parte contigo! discordo quando diz que depende somente de nós para mudarmos esse cenário! Explico porque: enquanto o governo continuar a nos fazer de fiscal deles sem remuneração, enquanto ele propagar em todas as mídias que o SN é só uma "guiazinha" a ser paga pelo microempresa, enquanto nossos clientes acharem que somos somente fazedor de guias de imposto e não nos enxergar como parceiros e virem antes de fechar algum negocio, conversar conosco, procurar entender que podemos sim ajuda-los a empreender melhor... nada disso irá mudar. Infelizmente, não depende somente de nós! Porque se executamos nossos serviços e apresentamos uma visão contábil aos clientes, eles nos questionam do porque estarmos nos metendo nos negócios deles; executamos o serviço e cobramos por tal, ai eles vão atrás do barateiro que não se mete nos negócios dele; e tem muitas outras situações de quem é contador de escritório contábil de médio porte em cidade pequena, que se eu for descrever aqui ....

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